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Inteligência intrapessoal Parte 2 – gestão emocional

Aprendemos no post Inteligência intrapessoal em passos práticos Parte 1, que é fundamental reconhecer a si mesmo enquanto as características, comportamentos, sentimentos e responder de forma adequada a eles, que é a gestão emocional. Fazer uma boa gestão emocional é crucial para diferenciar os sentimentos que possam atrapalhar a gente nas situações do dia-a-dia, frente aos desafios, principalmente com nossos filhos. Hoje vamos aprofundar mais na inteligência intrapessoal, em passos práticos para você liderar suas emoções.

PASSOS PRÁTICOS:

1. Aceitar, entender e respeitar as emoções.

Elas são a manifestação mais autêntica da sua natureza humana, elas estruturam a nossa personalidade, através de nossas vivências mais especiais. Indico um filme que ilustra muito bem a função das emoções em nós. Não sei se você se lembra ou se já viu o filme “Divertidamente”, sobre as 5 emoções primárias: alegria, tristeza, medo, raiva e nojo. Augusto Cury explora sobre a relação do filme com a nossa gestão emocional, veja em seu post https://blog.academiadegestaodaemocao.com.br/blog/post/seja-lider-de-si-mesmo/2 .

Quando sentir suas emoções, especialmente as negativas, não diminua ou finja que não existem, não diga coisas como “não doeu”, “não foi nada”. Diga “aonde está doendo?”, “como posso me ajudar?”, “o que eu preciso agora?”… Todos as emoções são reais, precisam ser acolhidas e respeitadas. Dessa mesma forma de autoeducação, vocês podem fazer com seus filhos ajudando eles a regularem suas emoções. Legitime as emoções dos seus filhos e as suas também.

2. Fazer psicoterapia ou treinamento para gestão emocional.

Esta prática é um hábito muito saudável e preventivo para sua saúde psicológica. Atualmente os pais e todos os adultos estão trabalhando muito mais do que antigamente, com tantas exigências para executar e o ativismo tem roubado a sensibilidade. Ficamos nervosos, cansados e ansiosos além da conta. Por isso, é comum para acalmar não sentir as emoções, mas isso é contra producente. Buscar a calma, a paciência não é reprimir, ignorar nem suprimir o que está incipiente em nós. Acalmar as emoções é saber aceitar e dialogar com elas, entender porquê elas nos visitam. Acredite… toda emoção tem uma mensagem para nós.

Na terapia ou em coaching, você terá um tempo dedicado a se compreender melhor e tratar suas emoções como elas merecem, atingindo mais maturidade nas suas relações pessoais, especialmente com sua família e filhos. É melhor extravasar suas emoções com um profissional do que nas pessoas que você ama.

3. Amar-se como você é.

Amar é aceitar. Amar-se não é egoísmo. Egoísmo é querer que os outros amem você no seu lugar. Isso acontece quando existem manipulações e chantagens na relação, quando atribuímos aos filhos a responsabilidade sobre nossas emoções ou vice-versa. Apaixone-se! O verdadeiro altruísmo não é apenas amar os outros, mas uma equação: amar o próximo como eu me amo. Pense nisso… Quando apenas amamos o outros, chamo isso de ‘amor de peixe’! Amo peixe, mas na real isso não é verdade, porque se eu amasse mesmo o peixe eu jamais o comeria. Seu controle emocional nunca será maior que sua autoestima, o afeto que sente por você.

4. Tolerar as frustrações.

Aceitar o que não se controla é muito importante. Não vale de nada dizer tome água que vai passar, vou comer, fumar ou beber pra aliviar. Temos frustrações todos os dias e quanto mais alta for a expectativa e as cobranças, quando se coloca tudo em prioridade, maior é a frustração. Aceitar que não somos perfeitos e lidar com o que não está em nosso controle é fundamental para gerir as emoções da melhor forma. Reconhecer as emoções negativas da frustração, como medo, raiva e tristeza são oportunidades para uma intimidade com seus filhos. E quando são os filhos os frustrados, este é o real momento que eles precisam de nós. Ajudar os filhos a acalmar suas emoções, nos faz sentir que realmente somos pais. Estamos colaborando para que eles aprendam técnicas que serão úteis pro resto da vida.

5. Percepção emocional.

Para desenvolver sua consciência e controle, é preciso dedicar um tempo em solitude. Para os pais ocupados de hoje em dia, não é muito fácil. Mas extremamente necessário. Algumas formas de acessar e normalizar as emoções, cuidando delas, são desenhar, anotar suas percepções, manter um diário, tocar música, meditar, orar, caminhar, conversar sobre elas. Falar dos sentimentos antes que eles transbordem proporciona pra nós e nossa família exercitarmos a técnica de ouvir e solucionar problemas. Quanto maior for a precisão quando expressamos nossos sentimentos, melhor. Descreva, dê nomes, dê verbos.

6. Colocar limites nas emoções.

Provavelmente ao identificar, ouvir, falar, tratar a emoção, focamos em estabelecer limites nas emoções. Isso é gestão emocional. Nem 8 nem 80. Nada de extremismos.  Por isso ao caminhar para dar limites as emoções, estamos regulando nosso equilíbrio e indo em busca da solução do problema. Sentimentos não são problemas, eles são aceitáveis, mas nem todos os comportamentos são aceitáveis, eles podem ser problemáticos. Sentir-se triste está ok, mas dizer que sou horrível, dar adjetivos pesados sobre mim, não está ok. Estou com raiva, ok, mas quebrar algo ou gritar e ofender alguém, não está ok.

Então imagine um sistema de regras baseado em 3 zonas de comportamentos – verde, amarela e vermelha. Verde abrange a atitude aceita e desejada. Amarela, aquela inconveniente, mas tolerável por dois motivos: liberdade para aprender e compreensão da circunstância. E na zona vermelha, fica o comportamento intolerável independente da situação, aquilo que coloca em risco o seu bem-estar e do outro. Inclui também uma atitude ilegal, socialmente inaceitável.

Pensando no semáforo como uma alegoria, as emoções podem tomar níveis maiores. Quando se está tudo bem, verde. Pode passar para o amarelo, cuidado, reduza a velocidade. Muitos nesse momento, ao invés de frear, aceleram. Para não chegar no sinal vermelho, é importante colocar limites.

7. Deixar o passado ruim para trás. Perdoe.

Pra finalizar, me lembro de uma história que havia um pai e um filho, conhecida como “O menino e o carvão”. Ela conta que o garoto chega em casa pisando forte e diz ao pai:
– Estou com muita raiva do Lucas, papai! Ele me envergonhou na escola e agora eu desejo tudo de ruim pra ele!

O pai então o leva até o quintal, com um saco de carvão e diz:
– Filho, quero que jogue os pedaços de carvão naquele lençol que está pendurado no varal, como se ele fosse o Lucas.

O filho sem entender, mas empolgado com a brincadeira, faz o que o pai pediu.
Ao final, o garoto diz estar feliz por ter sujado uma parte do lençol, como se fosse o coleguinha.

O pai então o leva diante do espelho e para a surpresa do garoto, a aparência dele era tão preta, que mal conseguia enxergar os próprios olhos. O pai então concluiu:
– Veja meu filho, o mal que desejamos aos outros é como esse carvão. Ele pôde até sujar um pouco do lençol, mas na verdade o maior prejudicado foi quem o jogou.

Deixar o passado atrás e perdoar os erros e falhas dos outros, é um bom caminho para se livrar de pesos e toxinas que atrapalham muito o processo da gestão emocional. Adotar e estimar a raiva, se vingar, competir, ignorar ou fazer pior funciona como um veneno. Só produz efeito para quem experimenta.

Espero que tenha aprendido um pouco mais para ter uma gestão emocional que ajude você a liderar-se, resolver suas questões e conviver de forma eficiente com seus filhos e entorno. Até a próxima!

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